Sempre.
Eis aí uma palavra que me assombrava. Mas por quê?, talvez você tenha se perguntado. Cética como sou, a
força dessa palavra chegava a me atormentar. É possível mesmo ter algo, sentir
algo pelo resto da sua vida? Resposta automática: Não.
O amor verdadeiro existe? Daquele do tipo comédia romântica?
Onde dá tudo errado no meio, mas no fim tudo fica bem e alakazan, eles viveram felizes para sempre? Não, não e não. Mas a
vida tem um jeito muito engraçado de esfregar na sua cara que você ta errado, né?
Pois é. Um belo dia a vida toca a campainha da minha casa, deixa
um amor embrulhado pra presente e sai correndo. E quando eu abro a porta, lá
está ele. Um amor sem aviso prévio, sem bula, sem prescrição. Mas com remetente
escrito à mão com letras perfeitas.
E agora? Agora era abrir o pacote e torcer. É claro que a
vida, sendo a sacana que é, resolveu aprontar mais um pouco e colocou no pacote
exatamente o contrário do que eu imaginava pra mim. Enquanto eu esperava licor,
me vi com uma barra de chocolate branco. Se eu contava com um CD de Beethoven,
encontrei no embrulho um DVD de Sertanejo Universitário.
TÁ, E AGORA? Agora eu, já cansada de procurar o embrulho
perfeito pros meus gostos, resolvi então pegar o embrulho bonitinho e levar pra
casa. Mesmo meio hesitante, meio sem saber se aquele presente não tinha sido
sei lá, entregue na casa errada, resolvi curtir o suposto engano.
Com o passar do tempo, fui gostando mais e mais da situação.
Percebi que o chocolate tinha um gosto até melhor que o licor. E não é que o
Sertanejo se tornou bem gostoso de ouvir entre um Caetano e outro?
No fim das contas, me apeguei a esse amor de uma forma que
mesmo que se batessem na minha porta hoje e o pedissem de volta porque tinha
sido mesmo um engano, eu o esconderia debaixo da cama e diria incansavelmente que
o perdi.
Agora já fazem 4 meses que essa caixinha perfumada está
comigo, e mesmo depois desse tempo, nem o chocolate perdeu o gosto, nem o ritmo
saiu da minha cabeça. Aprendi - entre tantas outras coisas - que dar uma chance ao que não é a nossa estrada
segura as vezes é divertido. Faz bem, vai por mim! Muito bem.
Eu sei, eu sei. 4 meses é pouco tempo. Ainda espero ficar
com esse amor por 40, 50, 60 anos, quem sabe. Por onde eu Andar, quero meu
embrulho à tiracolo. Ah, mas e se não
durar? Acontece que já durou. Independente do que aconteça daqui pra
frente, um pedaço meu sempre vai pertencer àquela pessoa que virou o meu mundo
de cabeça pra baixo e logo em seguida o organizou de um jeito que eu mesma não
faria melhor.
Mas se eu tiver direito a um pedido, só espero que isso não
mude. Que a gente não se perca, não deixe que a caixinha perca o perfume.
Porque é com você que eu quero ficar cada dia da minha vida, , cada momento, cada segundo. Dormir do seu lado e te acordar com um beijo... Pra sempre.